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Entrevista com Caio Tozzi, o criador da Lola Loreta

SOBRE O QUE VAMOS CONVERSAR:

O autor Caio Tozzi lança o livro Lola Loreta e a Semana de Todo Mundo, pelo selo História Secreta, da Carochinha.

O Blog conversou com Caio para descobrir um pouco mais da história, dos bastidores da escrita, dos personagens e das possibilidades de o livro chegar até a sua biblioteca e livraria.

Por Marcelo Jucá

O que os leitores do blog da Carochinha que estão curiosos com o livro vão encontrar na história de Lola Loreta?

Olha, eu diria que é diversão. Quando resolvi fazer esse livro, queria criar uma história que fosse divertida. Este era meu ponto de partida: que tivesse uma protagonista espirituosa e um tanto curiosa. E aí surgiram a Lola Loreta e todo universo ao seu redor. Ela é uma menina que está sempre tentando descomplicar tudo, mas as coisas não são tão fáceis e, por isso, ela acaba se metendo em confusões. E as histórias que ela vive são cheias de acontecimentos e reviravoltas (como gosto de trazer nos meus livros, para prender o leitor!), mas com muito movimento, muita ação. Fiquei pensando num espírito de desenho animado, sabe? Acho que é esse o espírito da personagem e do projeto.

A Lola Loreta comenta, logo no início do livro, que “todo mundo complica demais as coisas”. Qual é a primeira dica de Lola para descomplicar as coisas?

Eu acredito que a Lola Loreta tem lá suas razões… A gente acaba complicando muito as coisas, os adultos principalmente vão colocando empecilhos. Ela acaba tentando olhar tudo por uma perspectiva mais direta e reta, mais simples – mas, é claro, as coisas não funcionam assim. E, também, ao longo da jornada, ela vai descobrindo caminhos para descomplicar, como, por exemplo, ouvir o outro lado da história. Escutar e dialogar com as pessoas sobre determinadas situações, certamente, é a grande sabedoria que Lola aprende nessa sua primeira aventura.

Vamos falar um pouco de você. Você é complicado? Quer dizer, foi complicado escrever essa história?

Se sou complicado, é claro! E quem não é? Temos nossas complexidades, confusões e contradições. E esse é o sabor da vida, não é? E mais do que isso: é isso que nos gera as histórias que vivemos. Então, essa é a matéria-prima também para escrever um livro: como construir histórias com personagens ricos e cheios de camadas? Eu gosto de começar uma narrativa descobrindo os personagens, criando todas as suas características, como eles se relacionam. Com Lola Loreta, foi assim: tinha toda sua turma pensada e desenvolvida e, depois, fui encontrar uma história que pudessem viver.

A Lola participa da Semana do Aluno Protagonista. Conta para a gente um pouco mais dessa semana, o que é, de onde se inspirou para essa ideia e se você gostaria de participar de uma semana assim.

Cada vez mais, penso na escola como um lugar de conhecimento compartilhado. O modelo da educação em que só o professor é detentor do conteúdo já não funciona mais. É importante a troca. É importante a escuta com o jovem, que não apenas tem as informações, mas vive experiências essenciais nessa fase, que não podem ser subestimadas. Foi daí que nasceu a ideia dessa “Semana” na história, em que os alunos pudessem apresentar seus olhares sobre diversos temas da vida. Não sei se isso acontece em alguma escola, mas penso que seria um exercício importante abrir esse espaço. Eu adoraria participar de um evento como esse e, sempre que tenho a oportunidade de ir a escolas, abro o diálogo com leitores e leitoras para que todos possamos falar e ouvir. Isso constrói todos nós.

Na história, conhecemos diversos familiares de Lola e que estão sempre por perto. Qual é a importância de familiares na vida de crianças e jovens?

A família é o primeiro ponto de contato que temos com o mundo, né? Mas, na juventude, começa aquele momento de questionar e descobrir a humanidade de nossos pais e mães. Acho isso bonito, entender que todos estamos em construção. Acho que a família é isso; é poder viver junto essa construção de descoberta da vida junto – uma criança e um jovem crescem, e todos da família também podem fazer o mesmo. Família é a oportunidade que a gente tem de se desenvolver junto.

E a importância dos educadores? Eles também fazem a diferença, para o bem e para o mal, nessa história.

Na história, Lola encontra duas figuras importantes: dona Mimô e a Drikíssima. Cada um tem um olhar específico sobre ela e sobre os alunos, mas é perceptível que, independentemente de qual seja esse olhar, eles apontam caminhos. Como falei anteriormente, acredito na escola como um espaço de compartilhamento de olhares e experiências. A escuta é necessária e o educador que sabe lidar com seus alunos, que olha, que entende, que dialoga, faz toda a diferença. São muitos! É claro que, nessa aventura, para garantir o conflito e o humor, Lola tem suas questões com dona Mimô – mas, no fundo, elas percebem, que são muito, muito parecidas.

A Lola tem uma professora muito especial, que a ajuda muito. Você teve algum professor especial na sua trajetória?

Sempre existem os professores que marcam. No Ensino Médio, por exemplo, tive um professor de História com quem aprendi tudo; passei a amar História, sabia todos os fatos de cor. Ele sabia dialogar com o seu aluno de uma maneira divertida, de igual para igual.

Eleições, fraude e investigação. Encontramos tudo isso na história. Essas referências podem estar ligadas ao fato de você ser jornalista?

Pode ser que sim. Ser escritor já faz com que a nossa antena fique ligada a diversos temas cotidianos; ser jornalista dobra essa atenção. A cada livro que faço, além de me desafiar a novos caminhos narrativos (às vezes mais humor, outras vezes mais mistério, e outras mais comportamento), também tento encontrar temas que não me são óbvios. Quando escrevi o livro, que foi em 2017 (pois é, faz tempo já!), abordei esse assunto e, logo depois, a questão das eleições e das supostas fraudes virou tema de noticiário. Às vezes esse faro jornalístico promove essas coincidências. E acho importante todo tipo de tema estar na literatura infantojuvenil, porque é um espaço que abre diálogos para diversos temas.

No final do livro, também tem uma entrevista da Lola com você, em que comentam um pouco de como surgiu a história, entre outras curiosidades, a exemplo daquela sobre o nome dos avôs Wilson. Explica melhor para a gente. Foi a partir do nome que começou a escrever a história?

Eu adoro nomes. Você pode perceber que os meus personagens são sempre batizados com nomes peculiares, com apelidos, nomes sonoros. Gosto tanto que, na maioria das vezes, o nome do protagonista vai para o título do livro. Um nome bem escolhido dá identidade ao personagem, o torna único. Então, no meu processo criativo, muitas vezes, um nome é a chave de tudo, como foi o caso desse livro. Uma vez, ouvi sobre uma menina que tinha dois avôs com o mesmo nome. Achei divertidíssimo isso. E foi a partir desse trio que comecei a desenvolver uma possível relação e uma trama, que era desses dois avôs completamente diferentes (a não ser pelo nome) que disputam o amor dessa única neta. Era um bom ponto para se explorar. A partir daí desenrolei o fio da história.

“A vida continua e quase tudo muda”. O que mudou na sua vida ao escrever essa história? E como ela pode conversar com os leitores?

Toda história que a gente escreve acrescenta algo à nossa vida. Como falei acima, com Lola Loreta, explorei uma veia mais divertida como narrador – e o humor é um ponto que conecta muito com os leitores que são o público-alvo do livro. Fico feliz com a ideia de que a Lola Loreta ganhe novas aventuras, formando uma série de livros. Esse é o projeto em que o pessoal da Carochinha e eu estamos pensando. Vai ser legal!

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