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Conversa com Helena Gomes e Rosana Rios, autoras de Amonstragem

SOBRE O QUE VAMOS CONVERSAR:

Novidade na área! Em ritmo de festa e em ritmo de susto, as escritoras Helena Gomes e Rosana Rios chegam com tudo com o lançamento de “Amonstragem”, pelo selo História Secreta, da Editora Carochinha.

O Blog conversou com as autoras, que não esconderam nada e revelaram as proezas, as delícias e as curiosidades de escrever uma história repleta de monstros e, ainda assim, se divertir bastante. Confira o papo a seguir.

Por Marcelo Jucá

“Amonstragem” é uma viagem pelo mundo e pelo mundo dos monstros. Vocês podem nos contar um pouco do processo de escolha e seleção dos roteiros monstruosos? Como foi conectar todos os locais que aparecem na história?

Na verdade, o livro nasceu de um projeto diferente. Ou, melhor, de dois projetos praticamente iguais! Há alguns anos, durante um almoço, nós conversávamos sobre os livros que cada uma pretendia escrever. Foi quando descobrimos que as duas queriam escrever um dicionário sobre monstros! “Por que não juntar tudo e escrever em parceria?”, pensamos. E assim veio a primeira versão do Amonstragem: nela, só citávamos a professora X e o doutor Y, que já eram os responsáveis pela coleta de amostras. Na sequência, entravam as fichas de cada monstro. Quem sugeriu que criássemos uma história que unisse tudo foi a editora, o que se revelou uma ideia ótima! A protagonista Maju surgiu nessa fase. É por meio de seus olhos que a aventura é narrada, o que nos deu a chance de acrescentar ação, reviravoltas, mistérios e até uma pitadinha de romance ao livro.

Os monstros, então, foram selecionados naquela primeira fase. Procuramos escolher criaturas que representassem vários cantos do Planeta, desse modo podendo mostrar um pouco da cultura de cada lugar. Na atual versão do livro, tivemos a oportunidade de transformar a narrativa numa grande viagem pelo mundo, ampliando ainda mais a diversidade cultural.

Algum dos monstros fascina vocês de uma forma especial? Um preferido? Por qual motivo?

Amamos dragões. A Rosana tem, inclusive, uma coleção deles morando na masmorra da casa dela! Já a Helena só tem um, verde e feroz, que vive num castelo, bem pequenino, na sala de casa – e do lado da TV, a que ele adora assistir!

O motivo de amarmos dragões… Talvez seja por gostarmos tanto de contos de fadas, histórias de cavalaria e, também, de narrativas mitológicas.

Nessa lista de monstros, encontramos um brasileiro. Como ele entrou na narrativa? Já conheciam sua história e perigos?

Antes do Amonstragem, nós já conhecíamos o ipupiara das lendas sobre ele que existem no litoral paulista. Havia até uma estátua dele na Biquinha, uma importante praça em São Vicente, cidade onde uma de nós mora e a outra passa vários dias todos os meses. Como ele é um monstro bem legal e muito brasileiro, claro que entraria no livro!

Já tiveram a oportunidade de viajar para algum dos locais mostrados no livro?

Desses lugares incríveis, a Helena visitou a Itália uma vez, mas foi há muito tempo (e não viu nenhum monstro!). Já a Rosana passeou várias vezes pela Grã-Bretanha, não muito longe de onde algumas amostras são coletadas no livro (e esteve no Lago Ness para conhecer a Nessie, a monstra do lago que vive lá… Só que, bem naquele dia, ela não quis aparecer!).

Para os educadores que acompanham o blog, o livro permite trabalhar diferentes atividades e matérias com os alunos?

Este é um livro de aventuras pelo mundo, o que, além do mergulho literário e dos variados gêneros de linguagem, permite aos leitores conhecerem detalhes turísticos e culturais de vários países.

Também envolve a história e a geografia dessas nações, sua arte, seus tesouros históricos, alimentos típicos – enfim, variados traços das culturas abordadas, em especial indo ao passado dos locais por conta dos relatos mitológicos ligados aos monstros.

Com a interação entre nossos personagens, o leitor também entra em contato com alguns elementos que afetam os jovens: o amadurecimento, conflitos do coração, bullying, confronto com pais e mães, choques culturais…

Além disso, as ilustrações (de Cecília Murgel) trazem um visual muito rico, que pode ser aproveitado em pesquisas e trabalhos artísticos.

A personagem Maju, que conduz o leitor por toda a trama, é a mais desconfiada na história sobre a existência dos monstros, até que, nessa busca, ela começa a tomar o protagonismo das coisas. É um reflexo do jovem de hoje, mais desconfiado e protagonista da própria história?

Ser protagonista da própria história é, sim, um reflexo do jovem de hoje, mas também de jovens de outras épocas. O que acontece hoje é que assumir o próprio protagonismo se tornou uma necessidade para se ampliar espaços na nossa sociedade. A diversidade, que antes costumava ser sufocada por um único discurso, encontra a própria voz, e isso é excelente, pois ganhamos uma riqueza sem fim de narrativas e possibilidades, ainda mais se pensarmos nas inúmeras histórias que podem ser contadas. Sobre a nossa Maju… Sim, ela é muito desconfiada sobre a existência de monstros. Mas, no lugar dela, você também não seria?

Vamos falar um pouco de vocês. Essa não é a primeira vez que escrevem sobre monstros. É um tema que acompanham desde a infância?

Embora os protagonistas sejam aqueles que cativam e inspiram, nós duas adoramos os vilões e mais ainda aqueles personagens que parecem ser vilões e, na realidade, são os heróis da história.

Em parceria, já escrevemos livros em que há protagonistas lobisomens, bruxos que se transformam em gatos, menino que vira onça… E cada uma de nós também tem as suas obras com monstros aqui e ali.

E, sim, conviver com monstros da ficção sempre fez parte das nossas vidas, desde a infância.

Por que acham que as histórias de monstros conseguem se manter interessantes e necessárias nos tempos atuais?

Talvez porque os monstros mitológicos sejam uma forma de falar dos monstros que sempre existiram, e ainda existem, ao nosso redor…

Um dragão cuspidor de fogo pode ser a representação simbólica das aeronaves que, nas guerras, despejam bombas e fogo sobre pessoas inocentes.

Um basilisco que paralisa sua vítima pode ser metáfora dos medos que nos deixam paralisados e sem ação, às vezes, diante de figuras autoritárias…

Um cão de três cabeças que guarda o mundo de Hades pode ser um jeito de pensar nosso medo da morte. Todos nós, como a Maju e o George, enfrentamos “monstros” em nossa vida, desafios que nos levam a amadurecer.

E as obras das diversas mitologias e contos de tradição oral permanecem vivas por séculos justamente por falarem de assuntos que não mudaram, desde o tempo das cavernas até os dias de hoje – os afetos, o medo da perda, as tristezas e alegrias que fazem nosso dia a dia.

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